domingo, 17 de julho de 2011

Sobre Otários e Sem-noção.

Paulista, amante do sol e do samba, recém-chegada no Rio de Janeiro, fui com uma amiga curtir o Democráticos. Conheci o Otário, que, por coincidência, fazia parte do mesmo Grupo que eu. Tremenda falta de criatividade da vida, mas na hora pareceu presente do destino. Ele dançava gostoso, peguei, abusei e seguimos nos falando.

O Otário era legal, jamais tocou no assunto de compromissos, mas ficou sendo "o cara da vez". Logo, as minhas amigas do cotidiano sabiam da existência dele.

Numa noite qualquer, saí da aula e fui encontrar minha amiga Sem-Noção pra um chope na Lapa. Quando eu cheguei, ela já me esperava com mais duas amigas dela, todas as três muito indignadas, chamando o Otário de cretino-filho-da-puta pra baixo. Isso porque as duas meninas que estavam no carro com a Sem-Noção moravam juntas e nessa casa havia um terceiro elemento, amiga delas: a namorada do Otário.

Pronto, não existia possibilidade de "por favor, não conta pra ninguém". NOT. As meninas estavam sangue no zóio. O circo já estava armado e a mim só cabia esperar pelo espetáculo.

Mas não demorou um dia: gente, esse Otário ficou puto, putíssimo da vida. Obviamente.

Eu, pessoa consciente que sou, mandei um e-mail explicando exatamente como a situação tinha fugido do meu controle e pedindo desculpas pelo acontecido. Ele respondeu puuuuuuto, jurando vingança. Vingou:

O CRETINO-FILHO-DA-PUTA mandou um e-mail para o nosso grupo de trabalho de 40 pessoas espalhadas pelo Brasil: "Comentar para várias outras pessoas sobre experiências sexuais com terceiros é algo vil e digno de pena, ainda mais quando feito como parte de uma vingança por ter sido rejeitada por essa pessoa" (Oi?). Há algum tempo havia uma certa suspeita de que nossas mensagens e discussões estivessem sendo repassadas para a direçao (Oi?). (...) Levanto a possibilidade de que uma pessoa assim seria capaz de tal atitude. (...) Por isso, aviso a todos para tomarem precauções com relação a uma determinada pessoa que faz parte desta lista. Seu nome é..." e pá!, tascou meu nome.

Simplesmente pirei.

Devo ter passado umas três horas gritando em frente ao computador. Eu estava online de casa no momento em que o e-mail dele chegou no do Grupo: eram 17:02. Só tive sangue frio pra tomar uma atitude às 00:36. Seis horas de urros e urros do mais puro ódio!

Passado o surto psicótico, retomei a lady que há em mim: "Caros amigos, sinto muito por vocês. É realmente lamentável que assuntos privados sejam tratados em espaços públicos. Quanto às acusações, limito-me a comentá-las por meio das medidas judiciais cabíveis".

Mas HÁ! Esse mundo dá voltas, minha gente. E, nesse caso, nem demorou: bastaram três meses pra chegar um e-mail intitulado "Trégua": "Eu gostaria de enterrar o passado, se quiser me encontrar para tomarmos um chope e conversarmos, o número do meu celular é tal". Oi? Aff...Nem respondi!

Passaram-se mais uns meses: "Escuta, nos encontraremos periodicamente, vai ficar esse clima? Passado é passado". Desta vez, respondi: "A partir de agora seu endereço eletrônico está bloqueado da minha caixa de entrada". Mas não bloqueei, porque os layouts da web não são tão auto-explicativos como deveriam e acabou passando.

Mudei pra São Paulo e, de tempos em tempos, algum e-mail dele chegava, mas nunca eram respondidos. Porque, afinal, ele está bloqueado. (Partiu!)

Até o dia em que o Grupo foi convocado pra uma reunião em Brasília. Éramos vários, de várias partes do Brasil, mas nos víamos com pouca frequência, então marcamos um chope de que-bom-ver-você, à noite, no bar do hotel. Fatal: eu teria de enfrentar essa parada no cara-a-cara.

Ainda não tinha bolado uma estratégia e estava sem pressa nenhuma. Peguei o celular, o cigarro, e fui pra varanda do quarto. Dei um alô pra mamãe, encostei a porta pra não entrar fumaça, espaireci em um cigarro e, na hora de voltar pro quarto e descer pro bar, me dei conta de que estava presa na varanda, graças a uma porta burra que só abre por dentro. Foi quase uma hora até ser resgatada.

Sento no bar, a Desavisada, recém-chegada no Grupo: "Tem um carioca procurando por você, parece que ele quer muito te ver. Ele saiu, disse que falava com você depois". Meu, vocês estão entendendo? Ele me procurou!!! Pronunciou o meu nome para as pessoas!!! Referiu-se à minha pessoa!!! Moleque-atrevido-idiota-cretino-filho-da-puta! Que parte do NÃO ele não entendeu? Pirei.

No dia seguinte, cheguei pro café-da-manhã, o Otário parado na porta do restaurante, como se tivesse marcado encontro e esperasse esse alguém. Eu, no caso. Mas só passei, linda e placidamente. Nem vi. Nem olhei. (Tinha alguém ali?).
Depois dessa, ele nem tentou mais chegar perto de mim o restante do tempo.

OK. Eu desenhei, ele entendeu, mas não apreendeu: adivinhem quem me solicitou amizade no Facebook esses dias? Meu, NOT!

5 comentários:

  1. CARA MISS ERICÓRDIA, QUE HISTÓRIA! DIFÍCIL DE DIGERIR, MAS VOCÊ MANDOU BEM, MANTEVE A CALMA A LINHA E AINDA QUE TENHA SIDO EXPOSTA, TIROU DE LETRA! MAS O TEMPO SE ENCARREGA E NESTE CASO SE ENCARREGOU. OTÁRIO NÃO MERECE NEM CONVERSA...NÃO O ACEITE NO FACEBOOK!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Estou CHOCADA!! CHO-CA-DA!! O lenço é seu!!

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  4. Quando vc pensa que já viu de tudo nessa vida, sempre tem um idiota pronto pra te surpreender!

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