quarta-feira, 23 de março de 2011

QUANDO A SIRENE TOCAR, FUJA!

Época de faculdade. Começo de ano. Toda solteira que se preze (e até as nem tão desimpedidas assim) está preocupada com uma única coisa: se divertir muito na primeira semana de festa-todo-dia e dar aquela espiada nos “bixos” gatinhos que, por favor, Deus!, tenham entrado.

Na minha faculdade, pra ser bem sincera, o tal moreno, alto e outras cositas más nunca apareceu. Se apareceu, resolveu se enfear para não diferenciar na multidão. E foi nesse meio pouco frutífero que eu vi o Mr. M. Bonitinho, fofoleto, sabia dançar... bem meu número! Mas, para a minha surpresa (e de outras), o rapaz não dava moral pra ninguém!

Todo mundo já estava se perguntando qual seria o seu problema, até que descobrimos a existência de uma namorada. Até aí, tudo bem... mas o fato é que o infeliz tinha uma namorada, pasmem, na HOLANDA!!! Era uma daquelas grandes histórias de amor, regada a muito sofrimento pela distância, muito dinheiro gasto com a conta telefônica e quase nenhum vuco-vuco, por assim dizer.

E quem pode com tanto amor assim, não é? Se ele dava seus pulos, tudo era feito com descrição e eu não queria me meter nisso. Assim, mais do que depressa, tirei meu timinho de campo e resolvi ser só amiga do moço, já que ele era mesmo muito gente boa.

Assim o tempo passou, eu me metendo em diversas encrencas amorosas e o Mr. M. iludido feliz com a sua namorada fantasma. Até que um belo dia, depois de mais um relacionamento tragicômico, este digno de anos de terapia (quem sabe não renderá até um novo post!), eu resolvi desencanar! É, desencanar dessa vida de tentar entender os homens e cair de vez na famosa “gandaia”!

Fui pro jogos da faculdade prometendo aprontar pra valer, só pegar caras desconhecidos e nem dar moral para os arroz-com-feijão já conhecidos. Mas foi aí que o Mr. M. apareceu e me beijou! É, assim mesmo, do nada! E pior, ficamos pagando de namoradinho durante a balada toda, acabando com meus planos de independência...

No dia seguinte, minhas amigas estavam felizes, já que todo mundo gostava dele e achavam que, enfim, eu tinha acertado a mão! Eu ainda estava sem saber o que pensar, mas, ponderando bem, a situação podia ser ainda interessante, afinal, ele tinha uma namorada (ainda que quase imaginária) e eu não teria que lidar com sentimentos, cobranças e o blábláblá todo de um casal.

O romance continuou com ele cada vez mais fofo! Até que um belo dia, deitado na minha cama, o moço começou a ficar meio pensativo. Uma sirene de alerta, quase imperceptível, começou a soar na minha cabeça. Mr. M., então, levantou, tirou a aliança da mão e, olhando pra ela, disse: isso aqui não faz o menor sentido!

Ok, que não fazia o menor sentido ele ter uma namorada do outro lado do planeta, todo mundo já sabia! Mas descobrir isso do meu lado, na minha cama, não tava nada bom!! Como assim?? E o nosso caso sem comprometimento, como ia ficar se a gente começasse a ponderar as coisas?? Nessa hora, a tal sirene já estava tocando insanamente na minha cabeça!!!

Depois que o Mr. M. foi embora, eu tomei uma decisão: era hora de acabar! Mas como eu ia fazer isso com ele? Tão bonzinho, tão gente boa... Eu não queria ser a chata da história, mas a sirene não parava e eu sabia que era isso que devia ser feito! À noite ia ter uma festa e eu tinha que terminar o caso.

Mas, cara leitora, a carne é fraca, não é! E na tal festa, ele foi chegando pro meu lado e eu me esqueci de todo o plano bolado durante a tarde. Contrariando todo o barulho infernal da maldita sirene na minha cabeça, fiquei com ele. Na mesma hora ele disse que iria pegar bebida pra mim e eu fiquei esperando. Esperando. Até que uma hora, olhei do outro lado da festa e, pronto, a sirene se calou! Um silêncio mortal se fez, no maior estilo “eu te avisei”! Lá estava o Mr. M. beijando outra, na minha frente!!

Não, não, não... não pode ser! Cutuquei uma amiga. Ela apertou os olhos e disse: é, é o desgraçado mesmo!!! A amiga, tomando todas as minhas dores foi até lá e bateu nas costas dele... você, leitora otimista, acha que o infeliz se importou?? Claro que não, continuou no maior amasso com a menina, nada fantasma dessa vez! Por um momento achei que os dois e a parede fossem se tornar uma coisa só!!!

E eu, euzinha, que não queria magoá-lo, que não sabia como fazer pra terminar tudo, tive uma aula mais do que prática sobre o assunto! E quem chorou por mim?? Parece que o infeliz até chorou um pouco depois, mas minha lição já estava aprendida: bonzinho ou não, QUANDO A SIRENE TOCAR, FUJA!

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